O Brasil ultrapassou nesta terça-feira (6) a marca de 5 mil mortes por dengue em 2024. Desde janeiro, ao menos 5.008 pessoas morreram pela doença, segundo o Painel de Arboviroses do Ministério da Saúde. Esse número é quase cinco vezes maior que os recordes anteriores da série histórica, registrados em 2023 (1.179) e 2022 (1.053). Ainda de acordo com o Ministério da Saúde, outros 2,1 mil óbitos por dengue neste ano seguem em investigação.
A taxa de letalidade, que é a razão entre o número de mortes e o número de casos de determinada doença, também está maior neste ano em comparação com o ano passado. Nesta terça, o Painel de Arboviroses aponta uma taxa de 0,08 em relação aos casos prováveis e de 5,35 em relação aos graves. De janeiro a dezembro de 2023, as taxas foram de 0,07 e 4,83, respectivamente. Esse indicador é usado para entender a gravidade de determinada doença e como ela afeta a população contagiada.
A taxa de letalidade também é usada para mapear locais em que é necessária a intensificação dos cuidados. No primeiro semestre deste ano, o Ministério da Saúde atualizou uma série de publicações sobre prevenção, diagnóstico e tratamento da dengue voltadas aos profissionais de saúde.
Os manuais e treinamentos ocorreram em todo o país, mas foram intensificados em áreas com histórico mais recente de surtos, como indicaram os boletins epidemiológicos divulgados pela pasta durante a atuação do COE Arboviroses (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública para Dengue e outras Arboviroses).
Série histórica de mortes por dengue
2024 – 5.009
2023 – 1.179
2022 – 1.053
2021 – 315
2020 – 583
Fonte: Painel de Arboviroses/Tabnet/Ministério da Saúde.
Cenário superou as estimativas
Com 6,4 milhões de casos prováveis de dengue, 2024 já se confirmou como o pior ano da série histórica para a doença no Brasil. Em janeiro, o Ministério da Saúde divulgou previsão de aumento do número de casos, com uma variação entre 1,7 milhão e 5 milhões, mas o esperado era que os casos ficassem abaixo da média de 3 milhões. Entretanto, a margem de 5 milhões de casos foi batida ainda em maio deste ano, em virtude da antecipação da curva de casos.
Além disso, diferente de anos anteriores, o pico de contágio de dengue ocorreu na 12ª semana epidemiológica — que vai de 12 a 23 de março. A título de comparação, em 2023, o pico ocorreu um mês depois, na 15ª semana epidemiológica — entre 9 e 15 de abril.
O número de casos começou a cair a partir de 20 de abril, mas ainda se mantém acima do patamar na comparação com os mesmos períodos do ano passado.
Registro de casos e óbitos está em queda há 15 semanas, diz Ministério da Saúde
Em nota enviada ao R7, o Ministério da Saúde reforçou que o número de casos e óbitos registrados está em queda desde março. A pasta informou ainda que países vizinhos, como Argentina, Peru e Paraguai, também tiveram aumento no número de casos de dengue neste ano.
Leia o posicionamento na íntegra:
O número de casos de dengue no Brasil está em queda consecutiva e sustentada há 15 semanas, após o registro do pico da doença em março. A confirmação dos óbitos em investigação por dengue também vem caindo. O reforço das ações do Ministério da Saúde, que reservou R$ 1,5 bilhão para estados e municípios que decretaram estado de emergência em saúde, além da mobilização conjunta dos governos estaduais, municipais e da população na eliminação de criadouros e focos da doença, foram determinantes para a redução de casos no país.
Em 2024, a pasta abasteceu os estados e municípios com inseticidas, testes, apoio técnico, recursos financeiros extras para a estruturação da vigilância e assistência médica, entre outras ações. Além disso, será entregue, nos próximos dias, o plano de enfrentamento da dengue e outras arboviroses. O planejamento contempla informações sobre a vigilância em saúde, manejo clínico, organização dos serviços, controle vetorial, lacunas de conhecimento para financiamento de pesquisas, comunicação e mobilização social, com propostas de ações a serem implementadas a curto, médio e longo prazo.
O aumento de casos de dengue este ano foi observado também nos países vizinhos, como Argentina, Peru e Paraguai. O Ministério da Saúde possui uma Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroses que atua permanentemente no enfrentamento a doenças como dengue, chikungunya, Zika e Oropouche, realizando ações antecipadamente ao período de maior ocorrência de casos no Brasil.