Sexta-feira, 15 de novembro de 2024, às 16:19:12- Email: [email protected]



Entenda o que ocorre com o corpo em uma implosão marítima, como no submarino Titan

Nesta quinta-feira (22), a Guarda-Costeira dos Estados Unidos informou que o submarino desaparecido Titan, da empresa OceanGate, sofreu uma implosão instantânea, o que teria ocasionado a morte dos cinco tripulantes a bordo.

De acordo com Leandro Tessler, professor da IFGW-Unicamp (Instituto de Física Gleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas), a implosão de um submarino ocorre porque a pressão externa é maior do que a que ele consegue suportar.

Sílvio Melo, professor do curso de engenharia naval da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), complementa a explicação e afirma que a pressão interna do submarino é igual à pressão atmosférica; o que manteria o submersível intacto seria a sua estrutura, que suportaria a pressão externa.

Assim, o efeito da pressão externa sobre o submarino seria semelhante ao de esmagar uma latinha de refrigerante. Com isso, Melo afirma que os corpos também seriam espremidos junto com a estrutura.

Além do esmagamento, a pressão provoca outros efeitos no organismo.

“Quando entramos no mar, a cada 10 metros de profundidade a pressão aumenta em 1 atm [atmosfera]. A partir de 4 atm, a pessoa começa a sofrer narcose de nitrogênio. Em casos de mergulhadores que utilizam suporte respiratório, com um gás especial formado por oxigênio e hélio, é possível atingir de 10 a 20 atm. Há relatos de mergulhadores que atingiram 30 atm”, afirma Tessler.

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O Manual MSD de Diagnósticos e Tratamento afirma que a narcose de nitrogênio, ou embriaguez das profundezas, é um efeito que costuma ocorrer a partir de 30 metros em alguns mergulhadores que respiram ar comprimido e, geralmente, se torna incapacitante a 90 metros.

Os sintomas seriam semelhantes aos da intoxicação alcoólica, que provoca dificuldades de raciocínio, desorientação e euforia. 

Natannael Almeida, professor de física do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo e do IAG-USP (Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo), complementa a ideia alegando que o corpo humano, sem a proteção adequada e submetido a tais pressões, entraria em colapso completo.

Além disso, outros fatores já poderiam ter levado a tripulação à morte, como “a hipotermia, quando a temperatura do corpo se encontra muito abaixo da condição ideal, e também a hipoxemia, que é a falta de oxigenação do sangue”, lista Almeida.

“Havendo uma implosão com esse nível de pressão, dificilmente haveria estruturas corporais intactas que pudessem ser identificadas, e, ainda sim, haveria o transporte para longas distâncias devido às correntes marítimas”, conclui o professor.


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