O governador de Rondônia, coronel Marcos Rocha (União), está em Sharm El-Sheikh, no Egito, participando da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 27). Segundo o governador, o estado está aberto a propostas e investimentos.
“A gente vai ter uma conversa agora com um dos países que aqui estão. Já conversamos também com Israel, que tem um interesse no nosso pescado, de forma a proteger também o meio ambiente. É até uma cobrança dele: ele pode até comprar, desde que o nosso meio ambiente esteja protegido”, apontou Rocha.
Rocha também destacou que Rondônia tem o potencial de garantir a economia do estado através da produção, mantendo o foco na preservação ambiental.
“Rondônia é um estado produtor que se preocupa com o meio ambiente. É uma terra linda, aberta ao investimento de todo mundo. Estado de pessoas trabalhadoras. Temos ribeirinhos, temos indígenas, temos uma população linda que trabalha e produz. Estamos abertos ao diálogo e também ao fortalecimento tanto do nosso meio ambiente, como também da nossa produção”.
Carta da Amazônia
Durante o evento, nesta quarta-feira (16), o presidente eleito Lula recebeu a Carta da Amazônia, assinada pelos nove governadores da Amazônia Legal. O documento contém as propostas de desenvolvimento sustentável da região, que precisam do apoio do governo federal e de países e empresas internacionais.
A carta foi entregue pelo governador do Pará, Helder Barbalho, representante do Consórcio da Amazônia Legal durante a COP 27. O governador Marcos Rocha não esteve presente no momento que a carta foi entregue.
Confira o documento na íntegra:
“Carta dos governadores pela Amazônia
Sabedores da importância estratégica da Amazônia para o desenvolvimento nacional, os Governadores dos nove estados da Amazônia Legal reafirmam seu compromisso e seu espírito de cooperação em favor de políticas orientadas à conservação e ao desenvolvimento sustentável da Região.
Nesse novo quadro político resultante das eleições de outubro de 2022, expressamos a disposição em construir uma relação profícua e eficaz com o Governo Federal, baseada no respeito democrático, na observância da Constituição e do diálogo com os poderes constituídos nas esferas estadual e federal.
A urgência colocada pela emergência climática exige, igualmente, urgência na busca de soluções. Esse imperativo requer um diálogo com a comunidade internacional, com vistas a estruturar parcerias mais eficazes, bem como a observância dos princípios e o cumprimento dos compromissos assumidos na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e nos Acordos de Paris.
A Amazônia é uma região de superlativos, contradições, desafios e oportunidades. A Amazônia também é um espaço multicultural cuja diversidade é um dos elementos que definem a identidade brasileira. A riqueza dos seus recursos naturais foi o motor, em diferentes momentos históricos, do desenvolvimento econômico e da projeção geopolítica do Brasil.
As transformações econômicas então geradas foram, porém, incapazes de reduzir as desigualdades e erradicar a pobreza extrema. O modelo de desenvolvimento vigente, para ser economicamente pujante, trouxe o custo de ser ambientalmente devastador e socialmente excludente.
Mudar isso requer uma nova cooperação entre os Estados da Amazônia legal e o Governo federal, orientada pela ciência, pela estabilidade e reforço institucional e impulsionada pela determinação e pela vontade política de ambas as partes. Essa cooperação demanda retomar o diálogo construtivo com os demais países amazônicos de modo a fortalecer sua concertação, bem como reforçar a capacidade de atuação da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Um aspecto importante: nos últimos quatro anos os Estados da Amazônia alcançaram um nível de capacidade de relacionamento com organismos internacionais, com a sociedade civil, com instituições financeiras e até mesmo entre si que deve ser incentivado não pode mais retroceder e apoiado pelo novo governo federal no afã de se alcançar a melhor cooperação possível.
Urge superar a assimetria entre as responsabilidades legais assumidas pelas unidades subnacionais e suas precárias capacidades estruturais e financeiras. Esta contradição prejudica a presença e a efetividade de nossas ações no território, derivadas, em grande parte, da histórica centralização e do distanciamento do ente federal em relação à realidade amazônica.
No contexto dessa colaboração, propomos um esforço conjunto que permita maior celeridade na tramitação dos apoios internacionais, em particular aqueles na área financeira, de modo a transformar a realidade da floresta e das comunidades locais em prazos mais curtos. Precisamos da floresta viva, isto é, capaz de prover serviços ambientais e gerar remuneração por eles e pelos produtos dela derivados. Essa noção de vida” é o marco que nos permitirá a monetização da floresta enquanto nova “commodity” no mercado de bens e serviços ambientais.
A posição de liderar uma região vasta, complexa e essencial para o desenvolvimento do Brasil e a manutenção de fatores determinantes à existência humana neste planeta, como é a Amazônia, requer de cada Governador alto senso de responsabilidade pública neste Consórcio. Este mesmo compromisso esperamos das altas autoridades do Executivo federal e dos membros do Congresso Nacional na apreciação e tratamento de matérias de interesse da região.