Uma criatura que mais parece saída de uma lenda chamou a atenção em uma chácara de Cacoal nesta semana. Conhecida popularmente como “cobra-cega” ou “cobra-de-duas-cabeças”, a anfisbena foi encontrada pelo biólogo Danilo Degra. Apesar da aparência, o animal não é de fato uma cobra: trata-se de um réptil diferente, inofensivo e pouco conhecido pela maioria das pessoas.
Segundo o biólogo, as anfisbenas são comuns na Amazônia, no Cerrado e em outras regiões do Brasil, mas raramente são vistas. Isso acontece porque passam praticamente toda a vida enterradas no solo. Embora se pareça com uma cobra, o animal é, na verdade, mais próxima do lagarto.
“Ela pertence a um grupo dos répteis e está mais próxima evolutivamente dos lagartos, embora não possua patas”, explicou o biólogo.
Outra curiosidade é que apesar de ser conhecida como “cobra-de-duas-cabeças”, a anfisbena só tem uma.
“A confusão ocorre porque a cauda é arredondada e muito parecida com a cabeça, o que funciona como estratégia de defesa contra predadores”, disse o biólogo.
Além disso, por causa do formato do corpo e da musculatura diferenciada, a anfisbena consegue se locomover tanto para frente quanto para trás com facilidade. Esse movimento incomum reforça ainda mais a impressão de que o animal teria “duas cabeças”.
Anfisbena
A anfisbena mede, em média, entre 20 e 40 centímetros, mas algumas espécies podem chegar a 50 ou até 60 centímetros de comprimento. Ela possui pele lisa e bastante resistente, uma adaptação essencial para a vida subterrânea.
Apesar da aparência peculiar, a espécie não é venenosa e não oferece risco grave aos humanos. Segundo o biólogo, a mordida é rara e só acontece quando o animal é manipulado.
Caso isso ocorra, a orientação é simples:
- Lavar o local com água e sabão
- Fazer a antissepsia
- Observar a região, normalmente não há complicações
- Procurar atendimento médico apenas se surgirem sinais de infecção
De acordo com Degra, a anfisbena tem um papel fundamental no equilíbrio do solo, ajudando no controle de insetos e na aeração da terra. Por isso, o biólogo alerta para a importância de não matar o animal caso ele seja encontrado em quintais ou áreas rurais.
“Ela não deve ser morta, e o ideal é deixá-la seguir seu caminho ou realocá-la com cuidado para uma área de solo natural”, disse.




