Sábado, 16 de novembro de 2024, às 17:26:49- Email: [email protected]



Talibã é esquerda ou direita? Muito se comenta isso no Brasil

“O Talibã não tem essa de esquerda e direita como se pensa aqui no Brasil, o conceito de direita e esquerda são diferentes em diversos países. Aqui na Europa eles acham graça de como os brasileiros interpretam isso. Eles são um grupo extremista e terroristas em que todo país tem receio. A preocupação também, novamente na minha opinião, é encorajar o Estado Islâmico que busca integrantes na África e recentemente junto à Al-Qaeda matou mais de 420 civis no oeste do Níger. Lembrando que a Al-Qaeda é um “primo” do Talibã, inclusive, o problema em relação aos Estados Unidos foi quando o Talibã protegia Osama Bin Laden responsável pelos atentados do 11 de Setembro. Ambos sempre tiveram relações, Talibã e Al-Qaeda.”

Tudo do Talibã é pela religião?

“A religião está sim envolvida, mas não somente a religião, também é política. Vamos melhorar isso, vamos dizer que a religião é uma desculpa política, entre aspas. O Talibã é um movimento fundamentalista e nacionalista islâmico. Não sei o que é pior para os extremistas, se é ser cristão ou não ter religião, se é ser do ocidente e não ter a mesma cultura ou se é ser mulher, homossexual ou ter algum tipo de liberdade. Ou você segue os mandamentos da Sharia, ou não é bem-vindo. Mesmo assim, se a fisionomia é de um estrangeiro, mesmo convertido, sempre será visto com olhos de desconfiança e desagrado.”

O que podemos esperar para o Afeganistão?

Após a tomada do poder pelo Talibã, o mundo volta os olhos com apreensão para o que pode acontecer com o país. Neurocientista e historiador comenta o que pode vir por aí.

Com a tomada do poder pelo Talibã depois de 20 anos, o país poderá passar por profundas transformações em seu sistema político e, principalmente, na vida de sua sociedade. Com uma metodologia radical de governo, o grupo chega com posições antagônicas do que tem se observado na maioria dos países em pleno século XXI.

Nesta semana, o assunto que tem dominado as pautas de toda a imprensa internacional é a situação política do Afeganistão. Com a tomada do poder pelo grupo extremista Talibã, a preocupação é grande pelo que virá e quais serão os impactos internacionais com essa questão. Vale lembrar que o mesmo grupo já ocupou o poder naquele país entre 1996 e 2001, quando foi derrubado pelas forças militares dos Estados Unidos naquele momento pós 11 de setembro.

Segundo o PhD, neurocientista, com licenciatura em história, pós graduação em antropologia e diretor inativo da ONG, Coalizão Internacional do Imigrante, Fabiano de Abreu Rodrigues, há diferenças e semelhanças entre a conduta que o Talibã exercia quando tinha o poder e agora, 20 anos depois: “Hoje eles possuem uma hierarquia mais bem definida, com um líder soberano, delegados e um conselho para administrar suas ações naquele país”.

O ponto crucial para determinar as ações do grupo está na religião, reforça Abreu: “É com este argumento que eles fazem interpretações dos mandamentos islâmicos e planejam suas ações, que vão desde o tratamento dado às mulheres, até as punições para os crimes que são cometidos contra sua doutrina. Vale lembrar que isso é um dos diferenciados do Talibã, que é apontado como o grupo terrorista mais violento de todos do planeta”, observa.

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os “americanos não devem lutar guerra que afegãos não querem lutar”, Fabiano tem observado que a realidade não é bem essa: “Os fatos observados ao longo dos últimos dias no país vão na contramão dessa visão de Biden. Ele depositou a culpa nos afegãos, mas as notícias que chegam de lá mostram que aqueles cidadãos desejam uma liberdade. E fazer qualquer tipo de protesto com o Talibã no comando do poder é um ato de muita coragem, aliás, podemos definir como se fosse quase um suicídio daquelas pessoas que estão ali”, analisa.

No entanto, uma grande preocupação que fica é em relação às mulheres, observa Fabiano: “O Talibã não aceita essa luta delas pela liberdade. É uma crença deles antiga e isso infelizmente não deve mudar agora. Veja o caso da Mina Magal, morta pelo Talibã em 2019, sempre lembrada por essa luta e que teve a sua estátua destruída recentemente. Ou seja, as mulheres estão protestando por lá, e temo pela retaliação que esta atitude delas pode sofrer por parte desse grupo”, destaca.

Diante deste cenário, Fabiano acredita que é hora dos outros países tomarem uma atitude: “Eles podem crescer e fazer alianças com outros países, se fortalecendo economicamente, aí ficaria muito mais difícil derrubar esse governo. Então é algo que precisa de uma resposta imediata”.

Sobre o discurso do Talibã mais moderado, como tem apresentado seus líderes até o momento, Fabiano lembra: “Eles podem até tentar ser menos radicais do que já foram, mas não dá para apagar a história cruel e ditatorial que eles escreveram ao longo de tantos anos”, completa.

Povo afegão está respondendo a Biden, diz especialista

Ao contrário do que afirmou o presidente norte-americano, os afegãos não estão aceitando a tomada do poder pelo Talibã e querem a liberdade do seu país, observa o neurocientista e historiador Fabiano de Abreu.

O Afeganistão está nas páginas dos jornais de todo o mundo ao longo desta semana. A tomada de poder pelo Talibã acendeu preocupações e discussões sobre o que esperar para o futuro daquele país e do mundo. Uma das posições mais incisivas foi a do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden: “Americanos não devem lutar guerra que afegãos não querem lutar”.

Por outro lado, a situação atual naquele país não é essa que Biden afirma em sua fala, constata o PhD, neurocientista, com licenciatura em história, pós graduação em antropologia e diretor inativo da ONG, Coalizão Internacional do Imigrante, Fabiano de Abreu. “Os fatos observados ao longo dos últimos dias no país vão na contramão dessa visão de Biden. Ele depositou a culpa nos afegãos, mas as notícias que chegam de lá mostram que aqueles cidadãos desejam a liberdade. E fazer qualquer tipo de protesto com o Talibã no comando do poder é um ato de muita coragem, aliás, podemos definir como se fosse quase um suicídio daquelas pessoas que estão ali”, analisa.

Nesta quinta-feira, por exemplo, as informações que chegam do Afeganistão reportam que várias pessoas morreram numa debandada após os talibãs dispararem tiros contra a multidão que celebrava o Dia da independência do Afeganistão na cidade de Asadabad. Tudo começou porque algumas pessoas que mostravam a bandeira nacional, ao invés de terem a bandeira talibã na mão, foram alvo de tiros, o que levou a uma intensa debandada e deixando aquelas pessoas em pânico.

Outro ato que foi destacado pela mídia internacional é que as mulheres têm desafiado os talibãs com manifestações públicas ao norte e no centro do Afeganistão. Nas zonas que controlam, os talibãs já determinaram uma série de restrições a elas, como o acesso à educação, liberdade de movimento e às suas roupas. Pelas leis do grupo extremista, baseada nos mandamentos da Sharia, os direitos à elas são bastante restritos. Em contrapartida, as mulheres protestam empunhando armas e gritando palavras de ordem contra o Talibã.

Diante deste cenário, Fabiano detalha que a situação no país é bem diferente do que o presidente Joe Biden afirmou em seu discurso: “Os afegãos querem liberdade, estão cansados de guerra. Esses focos de manifestação são uma resposta à Biden sobre não querer lutar. Quem experimenta a liberdade, experimenta a vida e não quer mais viver sob o Talibã”, completa.

Afeganistão: Jamais devemos esquecer os atos de terrorismo do Talibã

O PhD, neurocientista que também tem formação em história e antropologia, Fabiano de Abreu diz que é importante relembrar quem é o Talibã para as mentes que se esquecem do passado

O Talibã é o principal assunto tratado na imprensa mundial nos últimos dias. No entanto, não é de hoje que eles ganharam um lugar de destaque na mídia internacional. O grupo se consolidou como o maior grupo terrorista da história, enquanto o seu passado acende um futuro repleto de preocupações.

A comunidade internacional acompanha atentamente os passos da retomada do poder no Afeganistão. Razões para apreensão global não faltam, tanto que o PhD, neurocientista, historiador com pós em antropologia, Fabiano de Abreu publicou um artigo citando algumas delas e mostra que não é de hoje que o grupo é conhecido pelo fundamentalismo religioso. Fabiano foi diretor, por alguns anos, da ONG Coalizão Internacional do Imigrante como relações públicas em assuntos de refugiados.

O cientista fez questão de começar a escrever um artigo científico, com a arqueóloga e historiadora portuguesa Joana Freitas, para relembrar as pessoas quem foi o Talibã: “Quanto mais afetada a sociedade pela ansiedade, mais pessoas esquecem o passado, reclamam do presente e acreditam que tudo será diferente. Por isso se esquecem ou amenizam a história de crimes de alguns e, neste caso, o terror do Talibã. Tem relação com o negacionismo, mediante a falta de coerência, conhecimento e clareza sobre as possibilidades. O sistema límbico no cérebro coordena as ações, quando o córtex pré-frontal, menos ativo, relacionado com a inteligência, não consegue orquestrar para ações mais racionais. O que nos diferencia dos demais animais é o maior desenvolvimento desta região do lobo frontal que nos tornou mais inteligentes. Mas o cérebro reptiliano ainda dita regras com influência do instinto e perturbações provenientes da cultura tecnológica, da mídia social”, explica Fabiano.

Para quem não se lembra em detalhes, a famosa organização Al Qaeda é composta por árabes e o Talibã são tribos afegãs, a maioria deles da etnia pashtun. “Os dois grupos são aliados e se ajudam nas questões de logística, armas e dinheiro; expulso de vários países, Osama Bin Laden, um dos fundadores da Al Qaeda, foi acolhido pelo Talibã no Afeganistão após os ataques de 11 de Setembro que deixou milhares de mortos nos Estados Unidos”, destaca Abreu que concretiza:

“Como pode-se ver, motivos para preocupação não faltam. Basta observar que dados do Índice Global do Terrorismo publicado em 2019 colocam o Talibã como o maior grupo terrorista da história, mais violento que o conhecido Estado Islâmico. Para se ter ideia, em 2018, o Talibã foi responsável por 38% do total de fatalidades em atos terroristas no mundo (6.103 mortes), 71% a mais na comparação com o ano anterior. O que vem por aí não se sabe, mas, se depender do retrospecto, há motivos para muitas preocupações.

Com o enfraquecimento do Estado Islâmico e a volta do Talibã, a Al Qaeda poderá ganhar mais força, eles são como os “meninos rebeldes” que levam a culpa, assumem atentados internacionais e o Talibã finge não saber de nada, mas estão sempre a ampará-los. No Afeganistão, durante os últimos 20 anos, a estratégia dos Estados Unidos era de fortalecer o governo e o exército afegão para que o país tivesse como frear os avanços do Talibã. Ainda na gestão Donald Trump, foi assinado um acordo para retirar as tropas americanas de lá. Com a saída norte-americana em 2021, ao contrário do que todos desejavam, o Talibã voltou novamente ao caminho de dominação do país de forma tão rápida que impressionou a todos.

Chega-se assim ao fato que ganhou as páginas dos jornais no último fim de semana. Com quase 75% do território do país ocupado pelo Talibã, o presidente Ashraf Ghan fugiu e o grupo assumiu o poder novamente. O resultado disso é aquela imagem que rapidamente se espalhou por todo o mundo de afegãos tentando deixar o país lotando o aeroporto de Cabul, enquanto ocorre essa volta do grupo ao poder.

Em contrapartida, o Estado Islâmico não está morto, encontra-se na África recrutando pessoas fáceis de serem manipuladas devido à pobreza e suas consequências. O que sinto é o risco da volta daquilo que parece nunca terminar. E mesmo mediante a este histórico, tanto a Rússia quanto a China demonstraram que estão dispostos a não se indisporem com o Talibã. Russos anunciam contato com representantes das ‘novas autoridades afegãs’, enquanto chineses dizem que desejam manter ‘relações amistosas. ‘

Além da violência em suas ações, o grupo impôs mudanças culturais profundas no Afeganistão. Em 1996, quando dominou a capital do país, Cabul, pela primeira vez, leis islâmicas foram impostas a todo o povo afegão. Foi a partir dali que, por exemplo, as mulheres deveriam se cobrir da cabeça aos pés, não puderam mais frequentar escolas ou trabalhar fora de casa, além de serem proibidas de viajar sozinhas. Outro detalhe é que TV, música e feriados não islâmicos também foram proibidos.

As 29 restrições aplicadas pelos talibãs às mulheres, segundo a RAWA:

  1. Proibidas de trabalhar: Existia a proibição total do trabalho feminino fora de casa. Apenas algumas médicas e enfermeiras tinham permissão para trabalhar em alguns hospitais de Cabul (capital do Afeganistão).
  2. Completa proibição de qualquer tipo de atividade fora de casa: As mulheres só podiam sair de casa se fossem acompanhadas pelo marido ou por um familiar masculino como pai, avô, irmão ou filho.
  3. Proibidas de realizar negócios com comerciantes do sexo masculino.
  4. Proibidas de ser tratadas por médicos homens.
  5. Proibidas de estudar: As mulheres não tinham permissão de andar na escola, universidade ou qualquer outra instituição educativa. As escolas para raparigas foram convertidas pelos talibãs em seminários religiosos.
  6. Obrigadas ao uso de um longo véu (burca) que as cobre da cabeça aos pés.
  7. Podiam ser chicoteadas, espancadas e vítimas de abusos verbal: A mulheres que não se vistam de acordo com as regras dos talibãs ou que não estejam acompanhadas pelo marido ou por um familiar masculino podiam ser vítimas de violência física e verbal.
  8. Podiam ser chicoteadas em público as mulheres que não escondessem os tornozelos.
  9. As mulheres acusadas de ter relações sexuais fora do casamento eram condenadas ao apedrejamento público até à morte.
  10. Proibidas de usar produtos de cosmética: Não podiam usar por exemplo maquilhagem nem verniz. Houve casos de mulheres que, por usarem verniz nas unhas, tiveram os dedos amputados.
  11. Proibidas de falar ou apertar a mão a homens: Só o podem fazer aos maridos ou familiares.
  12. Proibidas de rir em voz alta: Os talibãs consideravam que ninguém estranho à mulher poderia ouvir a sua voz.
  13. Proibidas de usar saltos altos que produzissem som ao caminhar: Os homens não podiam ouvir os passos de uma mulher.
  14. Proibidas de apanhar um táxi: Só o podiam fazer acompanhadas pelo marido ou familiares do sexo masculino.
  15. Proibição da presença feminina na rádio, televisão ou reuniões públicas de qualquer natureza.
  16. Proibidas de praticar desportos ou entrar em qualquer clube desportivo.
  17. Proibidas de andar de bicicleta ou mota: Só o podiam fazer se fossem acompanhadas pelo marido ou familiar do sexo masculino.
  18. Proibidas de usar roupas de cores vivas: Para os talibãs, as cores vivas eram consideradas “cores sexualmente atraentes”.
  19. Proibidas de reunir para festividades: Como para os Eids, as celebrações em nome de Alá.
  20. Proibidas de lavar roupa nos rios ou praças públicas.
  21. Modificação de todos os nomes de ruas e praças que incluíam a palavra “mulher”: Por exemplo o nome “Jardim das Mulheres” passou para “Jardim da Primavera”.
  22. Proibidas de espreitar das varandas do seu apartamento ou casa.
  23. Todas as janelas das casas tinham de ser opacas: Esta obrigatoriedade tornava impossível que alguém da rua conseguisse ver as mulheres dentro das suas casas.
  24. Alfaiates masculinos não podiam medir, nem costurar roupas femininas.
  25. Proibidas de utilizar casas de banho públicas.
  26. Não podiam viajar no mesmo autocarro que os homens: Existia uma distinção entre os autocarros para homens e os para mulheres.
  27. Proibidas de usar calças largas: Mesmo que fossem usadas por baixo da burca, as calças largas continuavam a ser proibidas.
  28. Proibição de fotografar ou filmar mulheres.
  29. A impressão de imagens de mulheres em revistas, livros, ou penduradas em casas ou lojas eram proibidas. fonte: Jennifer da Silva /Suporte MF Press Global 

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