A Polícia Civil de Rondônia desencadeou, na manhã desta sexta-feira (04), a Operação “Descarrilho II”, uma ofensiva de grande porte voltada a desarticular uma ampla rede de tráfico de drogas e uma célula ativa do Comando Vermelho com atuação nas regiões de Rolim de Moura e Jaru. A ação integra a rede RENORCRIN, do Ministério da Justiça, e mobilizou equipes em nove municípios rondonienses, além de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Coordenada pela 2ª Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (2ª DRACO), vinculada ao Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (DECCO), a operação contou com apoio da SESDEC, das Delegacias Regionais de Cacoal, Ji-Paraná e Alvorada do Oeste, além do CORE, Departamento de Polícia do Interior (DPI) e do Ministério Público de Rondônia.
Mais de 200 policiais civis foram mobilizados para cumprir 98 medidas cautelares, entre elas 39 mandados de prisão preventiva, 30 mandados de busca e apreensão domiciliar e 29 bloqueios de bens. Todos os alvos foram autorizados pelo Poder Judiciário.
Em Rolim de Moura e municípios próximos, foram decretadas 24 prisões e 21 buscas domiciliares. Já em Jaru, a Justiça expediu 15 mandados de prisão e 9 de busca, tendo como alvos integrantes do Comando Vermelho envolvidos em ataques incendiários contra provedores de internet — ações ordenadas como forma de intimidação e retaliação a empresários que se recusaram a pagar extorsões.
As investigações tiveram início a partir de um Auto de Prisão em Flagrante, relacionado a crimes de sequestro e cárcere privado contra dois homens acusados de vender drogas sem autorização da facção e sem pagar a chamada “contribuição”. A intervenção policial impediu que as vítimas fossem executadas.
Conforme apurado, tratava-se de uma organização criminosa com estrutura hierárquica definida, atuação intermunicipal e ordens repassadas a partir do núcleo central da facção no Rio de Janeiro. O grupo contava com lideranças, gerentes de bairros e entregadores responsáveis por abastecer diversos pontos de tráfico.
O esquema também envolvia um complexo sistema de lavagem de dinheiro, utilizando contas bancárias de terceiros — os chamados “laranjas” —, com movimentações financeiras consideradas suspeitas. Um grupo de WhatsApp, identificado como “Diretoria Rolim de Moura”, servia como central de coordenação do tráfico, adotando códigos para endereços e valores das entregas.
As investigações ainda apontaram a existência de um “tribunal do crime”, responsável por julgar rivais, aplicar punições internas e determinar represálias violentas.
A Polícia Civil destacou que as ações desta sexta-feira representam mais um passo decisivo no enfrentamento ao crime organizado em Rondônia. Em nota, reforçou o compromisso de seguir atuando de forma integrada com o Ministério Público e órgãos de segurança para reduzir a influência de facções e garantir a preservação da ordem pública no Estado.




