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Bancária conquista direito de trabalhar de casa para cuidar de filha com paralisia cerebral

“Sinto muito orgulho de lutar pelos direitos da minha filha e poder abrir precedente para outras tantas famílias que passam pelas mesmas situações e que não sabem que podem”, disse a bancária, Melissa Willers Vidigal, mãe da pequena Mariah Willers Vidigal, diagnosticada com paralisia cerebral.

Melissa é bancária, teve que se readaptar após o nascimento da filha em julho de 2019, antes da pandemia do novo Coronavírus. Antes de tudo, Mariah Willers Vidigal nasceu prematura e foi diagnosticada com hemorragia intracraniana e hidrocefalia, além de ter sofrido paradas cardiorrespiratórias.

Devido às complicações ela precisou ficar internada durante os nove primeiros meses de vida em UTI neonatal. Ela também foi diagnosticada com paralisia cerebral, atualmente denominada “encefalopatia crônica não evolutiva”.

O tempo passou e a pequena Mariah recebeu alta após o quadro de saúde apresentar significativa melhora. Nesse meio tempo, a crise sanitária da Covid-19 se espalhou pelo Brasil. E por conta disso a Caixa Econômica Federal adotou a modalidade de trabalho remota.

Atualmente, os servidores voltaram ao trabalho presencial. E a Melissa foi convocada em 28 de janeiro de 2021 a retornar às atividades presenciais na agência. No entanto, como a filha faz parte do público de risco e necessita de cuidados especiais, Melissa precisou recorrer ao judiciário.

Sentimento de esperança

Em 3 de fevereiro deste ano, o Juiz do Trabalho, Alexandre Moreira dos Santos Almeida, substituto na 4ª Vara do Trabalho de Porto Velho do Tribunal Regional do Trabalho (TRT 14), concedeu uma tutela de urgência em favor de Melissa. Com isso ela tem direito de trabalhar de forma remota até o fim da pandemia.

Ao Diário da Amazônia, a bancária disse se sentir esperançosa, aliviada e grata após saber que agora pode trabalhar e manter os cuidados à filha.

“O sentimento é de esperança. Em meio a tantas injustiças sofridas por essas famílias que passam pelas mesmas situações e que agora podem também buscar o mesmo caminho judicial. Senti alívio, por poder estar perto da minha filha sem oferecer mais risco em meio a pandemia que vivemos, gratidão, por tudo”, disse a bancária, Melissa Willers Vidigal.

Melissa acredita que a decisão vai ajudar outras mães que passam pelo mesmo caminho, que precisam se dedicar aos filhos que necessitam de cuidados especiais.

“Sinto muito orgulho de lutar pelos direitos da minha filha e poder abrir precedente para outras tantas famílias que passam pelas mesmas situações. E que não sabem o que podem, não conhecem seus direitos, ou já tiveram de alguma forma seus direitos negados e desistiram”, contou.

Desistir? Jamais

“Desistir não é uma realidade pra mim, eu e meu esposo buscaremos sempre os direitos dela. Mesmo aqueles que ainda não estão bem estabelecidos, aqueles que muitos não ouviram, seja no trabalho, num atendimento hospitalar ou ambulatorial, no plano de saúde, na vaga de pcd”, disse.

Melissa conta que trabalhar e ao mesmo tempo cuidar da pequena Mariah foi o que a motivou a lutar pelo direito de realizar as atividades profissionais de forma remota.

“Acredito que toda “mãe atípica” deseja poder suprir sim as necessidades financeiras e emocionais de um filho ou filha atípico. O trabalho remoto proporciona essa integração.
Seja nas intercorrências que acontecem, seja nas várias terapias que eles passam todos os dias, seja nos momentos que se sentem frágeis e com medo. São crianças, com limitações, que necessitam mais ainda de acompanhamento familiar”, disse.

Novas rotinas

“Não acho justo uma mãe ter que escolher entre o trabalho e um filho ou filha, sendo ela atípica ou não, pois o trabalho é necessário para a sobrevivência de famílias”, disse Melissa ao comentar a nova rotina.

Segundo a bancária, a Caixa Econômica Federal forneceu a ela equipamentos para a realização das atividades. E explica como será o trabalho atualmente.

“Devido a decisão judicial, temos muitas mudanças ainda no meu contexto de trabalho, fui realocada ontem [9 de fevereiro] ainda em outro setor da empresa, pois a decisão é recente, e as rotinas ainda estão sendo desenvolvidas. A empresa forneceu um computador onde consigo acessar e desenvolver meu trabalho normalmente, podendo assim estar em casa.

Uma das maiores preocupações é com relação a pandemia, sendo que ao sair para trabalhar as chances dela se contaminar com o coronavírus aumentam.

“Estou quase que confinada devido às situações de saúde dela, trabalhando sem oferecer maiores riscos de contaminação, podendo acompanhar as terapias, dar conforto e segurança nos momentos que minha filha necessita e estando sempre presente nas decisões e condutas médicas e terapêuticas”, explica.

O processo ainda está tramitando na 4ª Vara do Trabalho de Porto Velho (TRT 14). Por fim, Melissa, fala sobre o apoio do marido e agradece a todos que fizeram parte da vida dela e da Mariah.

“Só quero agradecer a Deus, sem Ele minha filha não estaria aqui, aos profissionais envolvidos nos atendimentos e terapias, advogados, médicos, são instrumentos para que tudo se torne possível. Meus esposo, esse cara apoia as loucuras que essa mãe quer de melhor para a filha”, finalizou.

Melissa administra uma página no instagram @mariah_wvidigal onde mostra a rotina da guerreira Mariah e fala sobre o processo que tramita na 4ª Vara do Trabalho de Porto Velho (TRT 14).

Mariah nasceu após 26 semanas de gestação. Atualmente ela tem 2 anos e 7 meses.

DIÁRIO DA AMAZÔNIA

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