O portal brasiliense Metropóles conta que unidades da rede de lojas Havan no Brasil tentam driblar decretos publicados por executivos locais em uma tentativa de permanecerem abertas em meio à pandemia do novo coronavírus, que até o momento registrou 34 mortos e tem ao menos 1.891 infectados no país.
Em Palhoça, no litoral de Santa Catarina, a Polícia Civil atendeu pedido do Ministério Público estadual e fechou nessa sexta-feira (20/03) duas lojas da rede.
O comércio estava proibido de abrir em Santa Catarina desde a última quarta-feira (18/03), conforme decreto do governador Carlos Moisés da Silva (PSL).
A Polícia Civil informou que foi assinado Termo Circunstanciado (TC) – espécie de boletim de ocorrência – contra as gerentes das duas lojas que estavam abertas. A pena prevista para situações do tipo chega a um ano de detenção.
Goiás
A situação se repetiu em Valparaíso de Goiás (GO), no entorno do Distrito Federal, onde há 17 casos suspeitos da Covid-19. No entanto, não foi necessária a atuação da polícia.
O governador Ronaldo Caiado (DEM) restringiu o comércio em todo o estado desde quinta-feira (19/03).
Nesse domingo (22/03), porém, a reportagem do Metrópoles encontrou a unidade de Valparaíso (foto em destaque) trabalhando normalmente. Nem todos os funcionários, inclusive, estavam de máscaras, o que facilita o contágio da Covid-19, doença causa pelo novo coronavírus.
Empregados da loja relataram que durante a semana a prefeitura municipal tentou fechar o estabelecimento, mas não teve sucesso. A lanchonete, que fica embaixo do piso principal, estava fechada.
Procurada, a Prefeitura de Valparaíso de Goiás informou que não estava ciente do ocorrido e que, após a denúncia do Metrópoles, encaminhou uma equipe até o estabelecimento na manhã desta segunda-feira (23/03) e constatou que estava fechado.
Ainda em Goiás, a unidade de Anápolis fechou as portas apenas no sábado (21/03), ou seja, três dias depois de valer o decreto estadual. A informação foi confirmada pela unidade via telefone.
A assessoria do governo de Goiás informou que quem descumprir o decreto estará sujeito às penalidades previstas no artigo 268 do Código Penal por atentar contra a saúde pública e será fechada. “A fiscalização irá até os locais que insistirem em funcionar contrariando o decreto”, complementou.
Distrito Federal e outros estados
A Havan também tem uma unidade em Brasília (DF), onde o governador Ibaneis Rocha (MDB) determinou na semana passada o fechamento do comércio. Em mensagem gravada, a loja informou por telefone estar fechada por causa do novo coronavírus – mas fez questão de ressaltar que os pagamentos podem continuar sendo feitos.
“A Havan está com as suas lojas fechadas por tempo indeterminado”, destaca a mensagem de voz. Para que os pagamentos não parem, entretanto, a loja colocou dois totens de autoatendimento na área externa. “Os terminais possuem distância segura e álcool em gel para as mãos.”
Em rede social, internautas chegaram a reclamar da abertura de lojas em Dourados (MS) e Três Lagoas (MS). Ambas as cidades não tinham decreto contra a abertura do comércio até a manhã desta segunda-feira (23/03), apesar da recomendação do governo estadual.
O Metrópoles apurou junto às prefeituras dos dois municípios, contudo, que o comércio será restringido a partir desta terça-feira (24/03). Os prefeitos já assinaram os textos.
Situação semelhante ocorre com unidades de São Paulo. O governador João Doria (PSDB) emitiu decreto na semana passada, mas o fechamento do comércio passa a valer apenas nesta terça-feira (24/03).
Outro lado
Perguntada sobre o funcionamento das unidades no país, a assessoria de imprensa da rede de lojas Havan informou que: “Em Santa Catarina, estão todas fechadas. E nos demais estados, conforme os decretos vão sendo emitidos, elas vão sendo fechadas”.
Sobre a loja de Valparaíso de Goiás, a Havan explicou que o decreto não falava de lojas de rua. “Por isso, ela ainda estava aberta no fim de semana. Mas, a partir de hoje [segunda-feira], a direção da empresa resolveu fechar”, completou, em nota.
O dono da Havan, o empresário bolsonarista Luciano Hang, acredita que as medidas anunciadas pelos governadores em meio à crise do coronavírus são “precipitadas”.
Durante live com mais de 50 minutos feita na semana passada, Hang disparou críticas às ações que promovem o fechamento do comércio e, em conformidade com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que o Brasil está vivendo uma “histeria”.
O empresário alega temer que ocorra um desemprego em massa nas empresas. O que pode causar, segundo ele, “um caos econômico muito maior que a epidemia”.
“Você já imaginou se o Brasil para agora, no mês de março? Vai ser a tragédia do século”, disparou.
Via Metropóles