Segunda-feira, 18 de novembro de 2024, às 10:51:33- Email: [email protected]



Imagens mostram ação de policiais antes e depois de atirar em jovem em RO: ‘Eles tinham direito de prender meu filho, mas não de matar’

“Socorro mãe“, essa foi a última frase que Roseane Pinto Brito, mãe de Gabriel Victor Brito Pinto, ouviu após o rapaz levar um tiro na frente de casa. O jovem de 20 anos, era monitorado pelo sistema prisional por tornozeleira eletrônica. O tiro atingiu a região do tórax de Gabriel que não resistiu e morreu no hospital. A ação aconteceu na rua da Paz no bairro Floresta, em Porto Velho nesta semana.

Ainda em luto pela morte do filho caçula, Roseane conversou com o g1 nesta quinta-feira (26). Ela lembra que no dia em que o filho levou o tiro, conseguiu ouvir os disparos da arma de fogo.

“Eu estava chegando perto [do portão], eu ouvi a explosão. Nessa hora comecei a gritar: para! para! e vi meu filho lutar pela vida. Ele estava de quatro no chão. Eles [os policiais] tinham o direito de prender meu filho, mas não de matar ele. A gente não cria filho para ser bandido“, disse em prantos.

Parte da ação foi captada por uma câmera de segurança instalada no muro da casa de Gabriel, que dividia o terreno com a casa da mãe. Nas imagens (veja acima) é possível observar que o jovem vai na direção de um carro e se assusta quando policiais armados saem na direção dele.

O pai da vítima, Francisco Nerivaldo Pinto, contou à reportagem que o sinal usado pelos PM’s para Gabriel sair de casa foi uma mensagem no celular do jovem.

“Meu filho estava vestindo um pijama, quando recebeu uma mensagem no celular para ir lá fora. Depois, o que vi nas imagens é que um carro estava parado ali [aponta para rua]. O meu filho exitou em ir até o carro, mas eles ficaram dando luz alta. Ele caminhou até lá. Quando meu filho passou pela porta do passageiro, eles [policiais] abriram [as portas] e saíram. Um deles cercou e pegou o meu filho. Arrastaram ele até o canto do muro, onde a câmera não pega, e espancaram ele”.

Local em que Gabriel foi morto ficou com as marcas de sangue  — Foto: g1 Rondônia

Local em que Gabriel foi morto ficou com as marcas de sangue — Foto: g1 Rondônia

Nerivaldo também disse que a nora foi quem avisou que o Gabriel estava sendo espancado. Momento em que ele e a esposa foram ver o que estava acontecendo.

“Quando cheguei perto, ouvi só um disparo. Era um tiro. Olhei, e ele [Gabriel] estava sangrando. Eu falei que ia levar meu filho pro hospital, mas eles não deixaram. Meu filho tentava entrar em casa, mas eles ficavam puxando ele para fora. Meu filho tentava caminhar de quatro, e eles puxavam ele pra fora. Foi quando eu falei que tinha câmera de segurança. Aí eles arrastaram ele como animal pra fora. Nesse momento um dos policiais pegou ele por um braço eu peguei por outro o levei para o Hospital João Paulo II na viatura. Lá no hospital, ele [policial] não quis me ajudar, eu peguei sozinho meu filho pelo braço”, conta.

Gabriel teve uma perfuração na região do tórax e não resistiu. Ele morreu no hospital — Foto: Rede Amazônica/ reprodução

Gabriel teve uma perfuração na região do tórax e não resistiu. Ele morreu no hospital — Foto: Rede Amazônica/ reprodução

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Polícia Militar (PM) questionando se houve abuso de poder e se a ação foi realizada de forma cruel por parte dos agentes, em nota a corporação disse que “após o registro policial, os trabalhos investigativos serão iniciados pelos órgãos públicos competentes, a fim de se chegar ao esclarecimento dos fatos ora registrados. Logo, não cabe à PM-RO comentar a ação policial antes da conclusão dos trabalhos de investigação”. (Confira a nota na íntegra ao final da reportagem).

Boletim de ocorrência

O g1 também teve acesso ao boletim de ocorrência que foi registrado com crimes de recaptura de preso/foragido, tentativa de homicídio tráfico de drogas e porte ilegal de armas.

Conforme o boletim de ocorrência, é descrito que a PM recebeu uma denúncia, por meio de aplicativo de mensagem, que na rua da Paz havia um suspeito, sob monitoramento eletrônico, que estava vendendo drogas.

Diante da denúncia, foi solicitado o apoio da Força Tática e da Equipe do Núcleo de Inteligência (N.I.) do 5º Batalhão da PM. Ao chegar ao local, na viatura descaracterizada da equipe do NI, os policiais tiveram o intuito “de observar e avaliar a possibilidade para uma abordagem”.


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