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PF garante que  Lava Jato tem operações ‘no forno’ e está longe do fim

Prestes a completar cinco anos, a Operação Lava Jato está “longe do fim”. Quem garante é o novo superintendente da Polícia Federal no Paraná, Luciano Flores de Lima. Em cerimônia de posse nesta segunda (4), o delegado afirmou que “outras operações estão no forno” e que há “boas fases por vir” e devem ser “as maiores realizadas pela Polícia Federal”.

A expectativa, entre os investigadores, é que este ano seja tão movimentado quanto 2016, quando foram realizadas 16 fases. Inquéritos que investigam agentes políticos que não se reelegeram e perderam o foro privilegiado, por exemplo, devem descer à primeira instância – e podem ser alvos de novas operações e denúncias.

Flores atuou na Lava Jato entre 2014 e 2016, e foi responsável pelo interrogatório do ex-presidente Lula durante sua condução coercitiva. Ele atribuiu à investigação o papel de “passar a limpo a história [do Brasil]”.

“A sensação de impunidade está dando lugar à de punidade”, disse. Para o delegado o trabalho realizado ao longo dos cinco anos de Lava Jato foi apenas “a ponta do iceberg”, e serviu para mostrar que o esquema de corrupção era muito maior do que se imaginava e as investigações foram muito mais longe, assim como o apoio acrescente da sociedade.

Contingente e novas tecnologias

Equipamentos com tecnologia mais avançada para análise e estruturação de dados e de inteligência artificial devem complementar o trabalho de investigação da PF, segundo Flores. Haverá também o aumento do efetivo com um novo concurso que está em andamento. Segundo o superintendente, esses são “ingredientes para avançar ainda mais” com as operações.

Para o delegado, a expectativa é que até o final do ano a situação do contingente esteja resolvida. O novo concurso abrirá 500 vagas para diversos cargos, no Brasil todo. “Nosso efetivo é muito pequeno, precisaria ainda triplicar ou quadruplicar até o ano que vem essas vagas que estão abertas no momento”, disse.

Flores insistiu sobre a importância da parceria com outras instituições e órgãos para garantir o desenvolvimento das investigações realizadas pela Polícia Federal. Um dos objetivos citados por ele é vencer o avanço do crime organizado e reforçar a segurança pública.

Música

No final do discurso de posse o delegado relembrou uma canção gaúcha, “Balseiro do Rio Uruguai”, composta por Barbosa Lessa, que fala da espera de trabalhadores que moravam na fronteira com a Argentina pelas enchentes do Rio Uruguai para que pudessem transportar madeira que cortavam e dar continuidade ao que faziam.

O delegado chegou a cantar o trecho da música: “Oba, viva veio a enchente, o Uruguai transbordou. Vai dar serviço pra gente”, e afirmou que: “A Polícia Federal e as instituições públicas estão transbordando nesse momento, transbordando de incentivo, transbordando de pensamento positivo da população toda que espera da gente que [possamos] cumprir o nosso papel.”

Lula na PF

O delegado disse que respeita a decisão do poder judiciário e não deve pedir a transferência de Lula, pois a situação ainda está em análise e não cabe a PF fazer o pedido, mas sim cumprir a decisão judicial.

“De uma maneira geral a polícia judiciária não foi feita para cuidar de presos dentro de seus estabelecimentos policiais”, disse Flores.

 

Convidado

O cargo foi transmitido pelo atual diretor-geral da PF, Maurício Leite Valeixo -que não falou com a imprensa. Valeixo trabalhou por 12 anos no Paraná, e foi superintendente no estado por pouco mais de um ano.

Junto com Valeixo, muitos dos membros da força-tarefa original da Lava Jato assumiram posições de comando em Brasília.

O ex-coordenador da Lava Jato, o delegado Igor Romário de Paula é o diretor da Dicor (Diretoria de Investigação e Combate ao Crime Organizado). O delegado Márcio Anselmo, considerado um dos pais da operação, lidera a coordenação-geral de repressão à corrupção desde o ano passado.

Já o perito Fábio Salvador, que chefiou por anos a perícia da PF no Paraná, assumiu recentemente a Diretoria Técnico-Científica, em Brasília.

Também participam da gestão a delegada Erika Marena, que chefia o DRCI (Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional), e o ex-superintendente da PF no Paraná Rosalvo Ferreira Franco, responsável pela secretaria de Operações Policiais Integradas.

 

Fonte: TEXTO E FOTO: GAZETA DO POVO


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