Os rendimentos recebidos por 72% das famílias brasileiras são insuficientes para arcar com as despesas mensais, de acordo com informações divulgadas nesta quinta-feira (18), pela POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Conforme o estudo referente aos anos de 2018 e 2019, 14,1% vivem em famílias que relataram muita dificuldade para sobreviver com a renda recebida e 58,3% e disseram ter dificuldade. Por outro lado, 26,5% atravessam o mês com facilidade e somente 1,1% tem muita facilidade.
De acordo com o IBGE, a insuficiência mencionada envolve o poder de arcar com bens essenciais para a sobrevivência, tais com alimentação e habitação, ou para cesta de itens não essenciais mais desejados, como itens de lazer.
Segundo a pesquisa, os 40% com menores rendimentos mensais relataram mais insatisfação com a renda do que os 10% com maiores ganhos. “Para o grupo de menor rendimento da distribuição, o baixo grau de satisfação com a renda familiar pode indicar que há necessidades básicas insatisfeitas, como alimentação e habitação adequada”, avalia a POF.
As famílias de pessoas de referência de cor preta e parda reportaram maior nível de insatisfação com a renda mensal (44.4%). Para 9,7%, há muita dificuldade para atravessar o mês e 34,7% tiveram alguma dificuldade. Já entre os brancos, 27% relatam ter entraves financeiros com os recebíveis.
Quando se observa a partir do sexo da pessoa de referência familiar, a POF aponta que a proporção de pessoas em famílias que avaliaram com muita dificuldade praticamente não variou entre os grupos, sendo 7% tanto para os lares liderados por homens quanto os por mulheres.
No entanto, há uma grande diferença quando se avaliou sua condição de passar o mês com o rendimento total familiar com facilidade. Entre as famílias com pessoa de referência do sexo masculino, a proporção foi de 17,5%, enquanto as lideradas por mulheres foi 9%.
“Esta diferença pode ser tanto por critérios objetivos, como renda per capita mais baixa para famílias com pessoas de referência que eram mulheres, como subjetivos, preferências de bens e consumo distintos”, avalia o IBGE.
A POF mostra ainda que 95,6 milhões de pessoas (46,2% das famílias) atrasaram o pagamento de compromissos como aluguel ou prestação do imóvel, contas de água, luz ou gás e também prestações de algum bem ou serviço adquirido no período dos 12 meses pesquisados.
As faturas de água, eletricidade ou gás foram as que apresentaram maior percentual de pessoas em famílias que reportaram pagamento em atraso (37,5%). Na sequência, aparecem as prestações de bens e serviços (26,6%).
A parcela de pessoas que viviam em famílias que afirmaram ter tido problemas financeiros para realizar o pagamento de aluguel ou prestação do imóvel até a data do vencimento corresponde a 7,8% da população residente nos lares pesquisados.
O maior volume de atrasos (27,7%) é percebido nas famílias liderada por pessoas com idade entre 25 a 49 anos. Quando a pessoa da referência era da faixa de 50 a 64 anos, percentual cai para 12,3% e desaba para apenas 4,4% entre os idosos.
Segundo o IBGE, o volume de atrasos nos pagamentos de contas está diretamente relacionado ao rendimento familiar. “5 milhões das pessoas (24,1%) estavam nas famílias dos 40% com menores rendimento que tiveram ao menos uma das contas em atraso e apenas 366 mil (1,8%) nas famílias dos 10% com maiores rendimentos”, relata o estudo.
fonte: JN