Se você viu um risco brilhante no céu nos últimos dias, é possível que tenha dado a sorte de flagrar um meteoro originário da última chuva de meteoros do ano: a Geminídeas. O fenômeno teve início no dia 4 de novembro e se estenderá até sexta-feira (17). O pico da chuva, por sua vez — isto é, data na qual será possível observar um maior número de meteoros no céu —, será na terça-feira (14), durante a madrugada.
Segundo o professor Rodolfo Langhi, coordenador do Observatório de Astronomia da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Bauru, no interior de São Paulo, a boa notícia é que a chuva poderá ser observada por pessoas de todo o Brasil. A má é que os amantes da astronomia terão que ficar acordados até, pelo menos, às 3h para conseguir uma boa visualização. Antes disso, a Lua, que está em fase crescente e 75% iluminada, ainda estará bem alta no céu, o que ofuscará o brilho dos meteoros.
“A constelação de gêmeos, que é o radiante da Geminídeos [ponto no céu da onde os meteoros parecem se originar] nascerá às 21h30, mas, nesse horário, a intensidade da chuva ainda estará baixa. Já da meia-noite às 3h, os meteoros serão abundantes, mas, por outro lado, a luminosidade da Lua atrapalhará a observação. O melhor, horário, portanto, será a partir das 3h”, afirma.
De acordo com Langhi, nas condições ideais, espera-se que seja possível observar até 120 metreoros por hora. Ele ressalta, no entanto, que este é um cálculo feito com base em uma série de variáveis que, infelizmente, não estarão a favor dos brasileiros.
Um exemplo é a ausência de Lua no céu; outro é o radiante estar bem acima da cabeça do observador, o que não ocorrerá. Dadas as circunstâncias, na melhor das hipóteses, será possível visualizar apenas cerca de 20 meteoros por hora.
“A orientação para tirar o máximo proveito do fenômeno é deslocar-se para um local afastado das luzes da cidade e, se possível, reclinar em uma cadeira de praia, de modo a obter o maior campo de visão possível. Vale lembrar que, apesar de os meteoros parecerem se originar de um único ponto, eles poderão ser vistos de qualquer lugar no céu”, diz.
“Outra dica de ouro é ficar longe do celular, uma vez que olhar para o visor do dispositivo reduz o tamanho da pupila e ofusca a retina, reduzindo, assim, a visão do observador. É preciso ficar, pelo menos, 20 minutos na escuridão total para que o olho volte a operar na máxima capacidade”, completa.
Popularmente chamados de estrelas cadentes, os meteoros são fenômenos que caracterizam a passagem de um meteoroide pela atmosfera terrestre. Meteoroides, por sua vez, são fragmentos de cometas ou asteroides, que se desprendem desses astros e ficam vagando pelo espaço, em órbitas em torno do Sol.
No caso da Geminídeas, o astro em questão é um asteroide que recebeu o nome de 3200 Faetonte, descoberto em outubro de 1983 pelo IRAS (Infrared Astronomical Satellite), um observatório espacial conjunto entre os Estados Unidos, os Países Baixos e o Reino Unido. O astro ficou conhecido após se “aproximar” da Terra, em termos astronômicos, em 10 de dezembro de 2007. A cada ano, sempre por volta dessa época, a Terra passa pelos detritos que Faetonte deixou em sua órbita, o que provoca essa chuva de meteoros.