
Um grave acidente de trânsito registrado na interseção das ruas Antônio de Paula Nunes e Marquês de Pombal, no centro de Cacoal, no início do fim de semana, escancarou novamente a lentidão no atendimento às vítimas e os gargalos enfrentados pelo sistema de emergência na Região Central de Rondônia.
Duas motocicletas colidiram violentamente no cruzamento, deixando ao menos uma mulher com fratura no punho direito. A condutora permaneceu caída no asfalto por mais de uma hora e meia, gritando de dor, à espera do socorro.
Segundo relatos, o chamado ao 193 foi realizado imediatamente por testemunhas, mas a vítima só foi assistida após a chegada da Polícia Científica, que acionou os procedimentos periciais e de resgate.
A morosidade no atendimento reacende uma discussão antiga em Cacoal: “a eficácia da centralização dos serviços de emergência”.
Com a violência do impacto, o motociclista caiu ao solo gravemente ferido e foi socorrido desacordado pelo Corpo de Bombeiros
A mudança implementada pelo Governo do Estado, que redirecionou os atendimentos de urgência para Ji-Paraná (RO), tem gerado reclamações constantes da população local. A dificuldade de contato com as linhas de emergência – muitas vezes sobrecarregadas – tem sido apontada como fator agravante.
Nos últimos dez dias, pelo menos nove acidentes de trânsito foram registrados em diferentes pontos da cidade, com destaque para a avenida Belo Horizonte, o Anel Viário e a Linha 06, todos com gravidade, sendo que num deles – Anel Viário – um rapaz de 27 anos, morreu.
Desse total, cinco envolveram motociclistas e em três casos houve necessidade de intervenção do Corpo de Bombeiros. Em dois episódios, houve vítimas com fraturas expostas e traumas crânio cerebrais, além de uma morte, como citado antes.
De acordo com dados mais recentes do Detran-RO, Cacoal possui uma frota de mais de 87 mil veículos, sendo mais de 20 mil motocicletas. O município tem registrado aumento nos acidentes envolvendo este tipo de veículo, sobretudo aos fins de semana e em horários noturnos. As principais causas são excesso de velocidade, imprudência na condução e desrespeito à sinalização.
A situação crítica no trânsito e a dificuldade no acesso rápido aos serviços de emergência têm gerado pressão sobre o poder público. Parlamentares locais já solicitaram à Secretaria de Segurança Pública do Estado de Rondônia a revisão imediata do modelo de atendimento regionalizado, alegando que o tempo de resposta atual compromete a vida das vítimas, especialmente em casos de trauma grave.
A população clama por mudanças. Enquanto isso, o asfalto de Cacoal segue sendo palco de colisões que poderiam ser evitadas – ou, ao menos, menos fatais com um socorro mais ágil.